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Avaliação:

Estratégias avançadas

Claudia Kober
Introdução

 

São enormes os desafios enfrentados pelo Ensino Superior nos últimos anos. De maneira geral poderíamos situá-los em três grandes vertentes. A primeira situa-se no campo dos próprios conhecimentos. Novas descobertas, inovações e relações entre disciplinas mudam o panorama do conhecimento necessário aos profissionais que se formam, tornando rapidamente obsoletos conteúdos disciplinares e currículos tradicionais.

 

A segunda vem das pressões do mercado de trabalho, que tem dado sinais contínuos de que a universidade não está formando os profissionais adequados, seja no Brasil ou no exterior. Veja abaixo alguns exemplos:

Para 40% dos empregadores,

recém-formados não têm competência

Uma pesquisa sobre educação para o mercado de trabalho, abrangendo nove países, indicou que quase 40% dos empregadores ouvidos apontam a falta de competência como o principal motivo para que vagas destinadas a recém-formados deixem de ser preenchidas. (clique aqui para continuar a ler a matéria)

Um quarto das empresas acha que recém-formados não estão preparados

As instituições acadêmicas precisam dar a volta por cima — ao menos no que diz respeito aos esforços para preparar estudantes para o mercado de trabalho, de acordo com alguns empregadores. (clique aqui para continuar a ler a matéria)

 

Não é mais suficiente apenas formar o profissional que saiba conteúdos da sua área de graduação. É necessário que ele saiba aplicá-los em situações complexas, e, mais do que isso, comunicar-se oralmente e por escrito, pensar em soluções de maneira ética e socialmente responsável, considerando o desenvolvimento sustentável de organizações e do planeta, bem como entender e respeitar as diferenças culturais, tornando-se um cidadão global.

 

“A cultura de aprendizagem que vai promover a transformação para (adequação) às necessidades do mercado de trabalho do século XXI é aquela na qual aprendizagem é uma questão de repertório, flexibilidade e múltiplos talentos.” (Harris e Cullen, 2010, p. 442)

Clique na imagem acima para ter acesso ao artigo THIS IS THE FUTURE OF COLLEGE, de Jessica Hullinger, que trata das perspectivas do mercado de trabalho e suas implicações para o Ensino Superior (em inglês).

 

Acrescente-se a esse cenário de rápidas mudanças, uma terceira vertente de desafios, advinda do papel essencial das novas tecnologias, que transformam profundamente a maneira como os estudantes de hoje aprendem e os modos como se pode engajá-los nos estudos e ajudá-los a traçar e desenvolver sua trajetória pessoal e profissional.

 

Nada é mais o mesmo de alguns anos atrás. Face a esse conjunto de desafios, não é mais possível permanecer no paradigma da universidade como provedora de conteúdo. Até por que, conhecimento é hoje um produto ao qual se pode ter acesso facilmente, e de graça, por meio de uma boa conexão de internet e vontade de aprender. Os provedores de conhecimento e informação cada vez mais se fragmentam e apresentam as mais diferentes configurações, deixando de lado a escola e a universidade como fornecedoras quase exclusivas de conteúdos. A universidade e nós, como professores, precisamos mudar: como docentes rever nosso papel na relação professor-estudante, transformar nosso modo de ensinar e caminhar para um novo paradigma, não mais centrado no ensino, mas na aprendizagem e no estudante. Não mais o professor que transmite conhecimento, mas aquele que ajuda o estudante a se formar como aprendiz. Apenas desse modo vamos formar profissionais independentes, críticos, criativos e capazes de aprender por toda vida. Nas palavras de Harris e Cullen:

 

Nós precisamos começar a questionar a crença de que conhecimento por si só é valioso. Ao responder a essa questão, mais e mais instituições estão mudando seu foco do conhecimento para a aprendizagem, da informação para a ajuda aos estudantes para desenvolver a capacidade de aprender por toda vida para fazer da experiência educacional uma experiência transformadora.  (2010, p. 454)

 

Ou seja, é preciso passar de um modelo conteudista para um modelo centrado em competências. Um novo paradigma, centrado na aprendizagem de conhecimentos, habilidades e atitudes.

 

O que você vai encontrar neste curso?

 

No curso Avaliação: princípios e estratégias, tratamos dos conceitos mais gerais da avaliação e da construção de questões objetivas, que são parte essencial da avaliação na Universidade. Agora vamos tratar das ferramentas de avaliação que podem ser utilizadas ao longo do semestre e que têm por objetivo ser uma avaliação mais formativa, que possibilite o levantamento de informações sobre o processo de aprendizagem e ações de ajuste e correção por parte tanto do professor como do estudante.

 

Objetivos do curso:

 

  • Compreender a avaliação da aprendizagem como processo essencial da passagem do paradigma instrucional para o paradigma de educação centrada no estudante e na aprendizagem.

  • Entender o processo de avaliação como regulação da aprendizagem.

  • Conhecer diferentes estratégias de avaliação formativa da aprendizagem.

  • Entender a importância do feedback como ferramenta de aprendizagem.

  • Conhecer o uso da rubrica como forma de orientação e feedback do trabalho do estudante.

 

Para alguns o tema é mais familiar, para outros, traz muitas novidades. Nosso objetivo é que os conteúdos aqui apresentados provoquem a sua reflexão sobre avaliação e sobre o modo como você a pratica em sala de aula. Para ajudá-lo(a) nesse processo, ao final de cada parte há algumas questões para refletir. Sugerimos que você escreva um pequeno parágrafo sobre cada uma delas, de modo que, ao final, você tenha um conjunto de reflexões sobre a sua prática, que espelhe a sua aprendizagem nesse curso.

Para refletir

  • Como você tem encarado o processo de avaliação dos seus estudantes até aqui? Como uma exigência institucional ou como fator importante para a aprendizagem?
     

  • Quais ferramentas de avaliação você tem utilizado? Elas têm provocado nos estudantes a reflexão sobre como aprendem e a origem de seus erros?
     

  • Como você tem feito o levantamento dos conhecimentos prévios dos seus estudantes?

Continue a sua jornada

No próximo capítulo você vai refletir sobre a passagem do modelo conteudista para o paradigma centrado no aluno.

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